Apenas 6% de CEOs são mulheres no mundo todo, segundo a 8ª edição “Women in the Boardroom”, pesquisa realizada pela Deloitte, empresa global de consultoria e auditoria. Apesar de ainda ser uma porcentagem baixa, em 2023 houve um aumento de 1% em relação ao ano anterior. “Vemos todo aumento da presença feminina na liderança como um resultado positivo, afinal, estamos avançando”, afirma Aline Vieira, sócia-líder do Delas, iniciativa de Diversidade de Gênero da Deloitte Brasil.
O estudo também mostra o avanço quando o recorte é Brasil – a representação de mulheres em cargos de CEO aumentou de 0,8% para 2,4% em 2023.
A Deloitte ouviu 18.805 empresas de 50 países. Os dados foram finalizados em 17 de março de 2023 e publicado neste mês, trazendo comparativo dos percentuais dos anos de 2018, 2021 e 2023.
Mulheres no Conselho
A pesquisa também mostra um aumento percentual ocupado por mulheres nos conselhos no mundo e no Brasil. Mulheres ocupam 23,3% dos assentos em conselhos de administração em todo o mundo – ainda que pequeno, o número representa um aumento de 3,6% desde a última edição do relatório publicada em 2022.
O Brasil, por sua vez, também apresenta um aumento no percentual de lugares ocupados por mulheres nos conselhos, passando de 8,6% em 2018 para 15,9% em 2023.
“Apesar dos avanços, neste ritmo, o levantamento indica que a equidade de gênero pode não será atingida antes de 2038”, afirma a executiva da Deloitte.
Quando o recorte é o número de mulheres como presidente de conselhos, esse ainda segue muito baixo. “Apenas 8,4% dos conselhos mundiais são presididos por mulheres e quando o recorte é Brasil, o número cai para 4,7% em 2023”, diz Vieira.
Para a executiva, o que justifica ainda esse número baixo de mulheres como CEOs e Conselheiras, é a história da mulher no mercado. “Você tem historicamente uma baixa participação de mulheres em cargos de liderança, logo existe uma dificuldade de mulheres alcançarem e se manterem nesses cargos”.
Por ser um cargo sênior, a média de idade de conselheiros, segundo o estudo, é acima dos 50 anos: média de 54 anos para as mulheres membros dos conselhos; enquanto para os homens a média é de 58 anos. Quando se trata da presidência dos conselhos, a idade média das mulheres sobe para 64 anos (ante 61 dos homens).
Quando elas chegam, elas ficam menos tempo
O prazo médio para que as mulheres fiquem como membros do conselho também aumentou, segundo o estudo, mas ainda é menor quando comparado com os homens globalmente.
“As mulheres ficam em média 4 anos como membro de conselhos, já os homens ficam 6 anos”, diz Vieira.
O olhar europeu sobre elas no conselho
A cultura de ter mais mulheres na liderança parece que faz mais sentido em países europeus. Segundo Vieira, 5 dos 6 principais países com a maior porcentagem de mulheres atuando em conselhos, de acordo com o estudo, possuem algum tipo de legislação de cotas, variando cerca de 33% (Bélgica e Holanda) a 40% (França, Noruega e Itália).
“A pesquisa até traz que algum desses países têm ação governamental, por exemplo, como cotas para as mulheres”, afirma Vieira.
Em quais setores estão as mulheres conselheiras?
Quando analisada a participação feminina em conselhos por setor, os cinco setores da economia que têm, no Brasil, mais mulheres nos conselhos são:
• Tecnologia, Mídia e Telecomunicações (19,6%);
• Saúde (18,2%);
• Bens de Consumo (16,5%);
• Manufatura (15,2%);
• Serviços Financeiros (15,1%).
Como melhorar esse cenário no Brasil?
Empresas estão adotando estratégias de diversidade e inclusão, que segundo Vieira, costumam ter um foco em equidade de gênero em cargos de liderança, o que consequentemente irão gerar futuras CEOs e conselheiros.
“Quando comparamos o Brasil com os países europeus, estamos realmente abaixo, mas acredito que estamos no caminho certo, estamos vendo melhora no resultado e o Brasil tem muitas iniciativas, o setor privado, por exemplo, está cada vez mais engajado com o tema diversidade e inclusão”, diz Vieira. “Mas sabemos que ainda existe um longo caminho a percorrer e temos que continuar a focar em iniciativas e ações para aumentar a diversidade de gênero nos conselhos de administração e o número de mulheres na liderança”.
Por Layane Serrano